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Channel: Fratura de Mão
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Tipos de fraturas

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Quando se trata de ossos quebrados, a lesão mais simples que se pode esperar é a fratura simples ou fechada, sem desvio do osso ou perfuração da pele. Como o nome indica, o osso se quebra de maneira simples, em um lugar apenas, sem trauma adicional. Outros tipos de lesões podem não ser tão fáceis de ser reparadas.

Fratura exposta - o osso quebrado perfura a pele.

Fratura impactada - uma ponta do osso fraturado é empurrada contra outra.

Fratura cominutiva - parte do osso se estilhaça em fragmentos.

Fratura parcial - o osso se dobra e racha, mas sem quebrar.

Fratura por avulsão - uma poderosa contração muscular separa o tendão do osso, forçando uma fratura.

Fratura patológica - ossos enfraquecidos por uma doença se quebram mesmo diante de impactos fracos.

Fraturas do carpo

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Como exemplo, temos as seguintes fraturas do carpo:

- FRATURAS DO SEMILUNAR: é o segundo osso na freqüência das fraturas do carpo, na maioria dos casos é por avulsão;

- FRATURAS DO PIRAMIDAL: é associada geralmente à outras lesões carpais, o mecanismo de fratura é por avulsão ou excessiva extensão do punho e desvio unas.

- FRATURAS DO TRAPÉZIO: o trapézio permite a rotação do metacarpo no movimento de oponência do polegar, mecanismo de fratura é a queda com o punho hiperextendido.

- FRATURAS DO AMATO: o amato articula-se com o quarto e quinto metacarpo, mecanismo de fratura a queda do punho estendido ou de golpe direto no lado unar do gancho do amato.

- FRATURAS DO PSIFORME: é o menor osso do carpo, possui múltiplas inserções, mecanismos de lesão é por trauma direto na região volar do punho, ou por avulsão devido à forte tração do flexor unar do carpo contra uma grande resistência.

- FRATURAS DO CAPTATO: é o maior osso do carpo, ocupa o centro do carpo, mecanismo de lesão pode ser direto no dorso do punho em extensão ou na cabeça do segundo e terceiro metacarpos, com o punho em flexão.

- FRATURAS DO TRAPEZÓIDE: se articula com o escafóide proximalmente, e capitato medialmente, o trapézio lateralmente e o segundo metacarpo distalmente é o menos lesado, mecanismo de lesão são fraturas estáveis e de deslocamento.

Fases da regeneração óssea

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Quando um osso se quebra, a fissura também rompe os vasos sangüíneos que percorrem todo o comprimento do osso. O sangue vaza dessas veias e rapidamente forma um coágulo chamado de hematoma no local da fratura. Isso ajuda a estabilizar o osso e a manter as duas partes alinhadas para a cura. O coágulo também interrompe o fluxo de sangue para extremidades partidas dos ossos. Sem receber sangue, essas células ósseas rapidamente morrem. Seguem-se inchaço e inflamação, devido ao trabalho das células que estão removendo tecidos mortos e danificados. Pequenos vasos sangüíneos se estendem até o hematoma sobre a fratura a fim de alimentar o processo de cura.

Depois de diversos dias, o hematoma sobre a fratura se transforma em um tecido mais duro que forma o calo mole. Células conhecidas como fibroblastos começam a produzir fibras de colágeno, a mais importante proteína dos ossos e do tecido conectivo. Depois, os condroblastos começam a produzir um tipo de cartilagem conhecida como fibrocartilagem, que transforma o calo em um calo fibrocartilaginoso, mais duro. Esse novo calo preenche o espaço entre as partes fraturadas do osso, e dura aproximadamente três semanas.

Em seguida, os osteoblastos começam a produzir células ósseas, formando o calo ósseo. Essa cobertura rígida dura de três a quatro meses e oferece a proteção e a estabilidade necessárias para que o osso entre em seu estágio final de cura.

A essa altura, o corpo estabeleceu a posição do osso dentro dos músculos, começou a reabsorver porções mortas de osso e criou um calo duro para ocupar o espaço entre as duas porções do osso fraturado. Mas esse tecido ainda precisa de muito trabalho antes que o osso possa absorver a carga costumeira de peso. Osteoclastos e osteoblastos passam meses remodelando o osso e substituindo o calo ósseo por matéria óssea compacta, de maior dureza. Essas células também reduzem o volume do calo ósseo e devolvem o osso ao seu formato original. A circulação sangüínea no osso melhora e o influxo de nutrientes que ajudam a reforçar os ossos, como o cálcio e o fósforo, dão maior resistência ao osso.

Sindrome do compartimento em fraturas

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Complicação grave do traumatismo dos membros é a síndrome de compartimento. Um compartimento é delimitado pelo osso e a fáscia que nele se insere. A perna e o antebraço são os mais afetados. A perna possui 4 compartimentos bem definidos: o anterior, lateral, posterior profundo e posterior superficial. O antebraço possui o compartimento anterior e o posterior.

No interior de um compartimento existem músculos, tendões, arérias e nervos. Sendo inelástico, o aumento da pressão no interior do compartimento, leva à um sofrimento vascular da extremidade, da musculatura local, e dos nervos da região.

As principais causa de um aumento da pressão no compartimento, são o edema muscular e a hemorragia decorrentes da fratura.

Com o aumento da pressão intracompartimental , os sinais clínicos são os mais importantes, e entre eles, o principal é a dor. Outros sinais são diminuição da perfusão, parestesia, domnuição do pulso e anestesia do membro. Contudo, esses sinais são mais tardios, quando a síndrome já está definitivamente instalada.

As fraturas da tíbia e as fraturas do cotovelo em crianças são os eventos inicias mais comuns. Quando o antebraço da criança é afetado como decorrente de uma fratura da região do cotovelo( fratura supracondileana de úmero) é denominada contratura isquêmica de Volkmann.

O tratamento da síndrome é sempre cirúrgico com a abertura da fáscia, a chamada fasciotomia. Sempre que desconfiarmos clinicamente da presença de uma síndrome compartimental (principalmente pela dor intensa), o procedimento deve ser realizado

Existe um método simples para medir a pressão intracompartimental, chamado de Whitesides. Quando a diferença entre a pressão arterial diastólica do paciente e a pressão intracompartimental for menor do que 30mmHg, está indicado também a fasciotomia. Este método é útil em pacientes inconscientes que não podem nos avisar do principal sintoma da síndrome: a dor!

Fratura exposta

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Quando o osso fraturado ou seu hematoma entra em contato com o meio externo denomina-se fratura exposta. Outras denominações possíveis como “fratura aberta” ou “fratura composta” não são utilizados com frequencia em nosso meio ( na língua inglesa é utilizado o termo open fracture ).

O grande problema da fratura exposta é a infecção óssea (osteomielite) que pode ocorrer. O osso é um “órgão” pouco vascularizado, o que torna difícil o combate à infecções . Da mesma forma, os antibióticos não podem agir adequadamente no osso infectado.

No atendimento ao paciente com uma ou mais fraturas expostas, deve-se inicialmente obedecer os princípios de um paciente vítima de trauma ou seja, seguir os princípios do ATLS.

Durante o ABCDE, no exame primário, a preocupação inicial com a fratura exposta será na Circulação , após a garantia de uma via aérea pérvia e de uma respiração adequada. Nesta fase, apenas o alinhamento do membro e a compressão do sangramento com ataduras é realizado em conjunto com uma imobilização provisória.

Após a reanimação do paciente, e após os exames subsidiários do exame primário, será feito o exame secundário e avaliação da fratura exposta com as radiografias dos membros fraturados.

O tratamento fundamental da fratura exposta é a prevenção de infecção com a limpeza exaustiva com 10 litros de soro fisiológico. A Segunda etapa também importante é o desbridamento dos tecidos que estão necrosados ou que estão desvitalizados e irão necrosar. A antibióticoterapia é um tratamento adjuvante e é feito com bactericidas de largo espectro de ação. Os mais utilizados são as cefalosporinas de primeira geração associados com aminoglicosídeos. Alternativa para essa associação é a cefalosporina de terceira geração. O agente infeccioso mais comum é o estafilococus aureus .

Para um tratamento mais adequado , assim como para a definição do prognóstico, foi criado um sistema de classificação por Gustilo e Anderson para as fraturas expostas .

A classificação está resumida na tabela:

Tipo I

Tipo II

Tipo III

ferimento

< 1 cm

1 a 10 cm

> 10 cm

Contaminação

pouca

moderada

grande

Lesão óssea

Simples ( traço transverso ou oblíquo)

Pouca cominuição

Cominutiva ou segmentar

O tipo III é subdividido em 3 tipos

III A

III B

III C

È possível cobrir o osso fraturado

Não é possível a cobertura óssea

Lesão vascular que precisa ser reparada

Após a limpeza cirúrgica, a estabilização do osso pode ser feita com qualquer método. O mais utilizado em fraturas expostas é o Fixador externo, pois permite a realização de curativos com maior faciliadade.

Em geral, a ferida na pele não deve ser suturado no tratamento de urgência das fraturas expotas para que não ocorra a formação de um hematoma ou abscesso.

A profilaxia contra o tétano é obrigatória: Se o paciente está imunizado(vacina nos últimos 10 anos), apenas a vacina antitetânica é utilizada, caso contrário, a imunoblobulina humana contra o tétano também deve ser prescrita.

Após alguns dias , quando na certeza que não haverá infecção, o tratamento definitivo da fratura é realizado.

Movimentos da mão

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A flexão do punho é predominantemente uma função da ação sincrônica do flexor radial do carpo, flexor ulnar do carpo e flexor superficial dos dedos. Foi relatado que o flexor profundo dos dedos não exerce um papel na flexão do punho, embora sua posição sugira uma possível contribuição, assim como as posições do palmar longo e flexor longo do polegar. Esses músculos, juntamente com o pronador redondo, compõem o que é denominado grupo flexor superficial do antebraço.

Há três extensores principais do punho: extensor radial longo do carpo, extensor radial curto do carpo e extensor ulnar do carpo. Durante o cerramento do punho, o extensor radial longo do carpo é muito ativo, ao passo que o extensor radial curto do carpo é quase inativo. Em virtude de sua posição, os extensores dos dedos, do dedo mínimo, longo do polegar e do indicador são considerados extensores auxiliares do punho. Um grupo extensor superficial do antebraço é composto pelos extensores radiais longo e curto do carpo, extensor dos dedos, extensor do dedo mínimo, extensor ulnar do carpo e os músculos da articulação do cotovelo braquiorradial e ancôneo.

Os desvios radial e ulnar (abdução e adução) resultam da contração sinérgica de músculos que são responsáveis primariamente pela flexão e extensão do punho. A abdução resulta da contração do flexor e extensor radiais do carpo. O extensor dos dedos e flexor dos dedos são ativos e podem contrair-se com uma adução extrema do punho ou amplitude do movimento de abdução. A abdução pode ser auxiliada pelo grupo extensor profundo (abdutor longo do polegar, extensor curto do polegar, extensor longo do polegar, extensor do indicador e supinador) devido às suas linhas de tração.

Os músculos intrínsecos da mão são subdivididos em três grupos os do dedo polegar, encontrados no lado radial e responsáveis pela eminência tenar; os do dedo mínimo, encontrados no lado ulnar e responsáveis pela eminência hipotenar; e os no meio da mão e entre os metacarpais. Os pequenos músculos intrínsecos da mão estão associados aos movimentos dos dedos. Dividem-se em três grupos - os quatro lumbricais, os quatro interósseos dorsais e os três interósseos palmares. Os lumbricais se localizam na palma, e os interósseos, entre os metacarpais. Todos servem para fletir as falanges proximais e estender as falanges médias e distais. Três músculos atuantes apenas sobre o dedo mínimo, o abdutor do dedo mínimo, flexor curto do dedo mínimo e oponente do dedo mínimo, também são músculos intrínsecos da mão.

A flexão do polegar ocorre quando o primeiro metacarpal é movido transversalmente à palma: a extensão é o movimento de retomo. A abdução do polegar a partir da posição anatômica ocorre quando o primeiro metacarpal afasta-se do segundo num plano perpendicular ao da mão. A adução do polegar é o movimento de retorno. A oposição do polegar aos dedos é uma ação peculiar e crucial da mão humana e envolve uma combinação de abdução, circundução e rotação que traz a ponta do polegar para uma posição olhando para as pontas dos dedos, ou em oposição a elas.

Oito músculos atuam sobre o polegar, dos quais quatro são intrínsecos da mão. Os músculos extrínsecos são o extensor longo do polegar, extensor curto do polegar. Abdutor longo do polegar e flexor longo do polegar. Os quatro músculos intrínsecos, que se originam na eminência tenar, são o flexor curto do polegar, oponente do polegar, abdutor curto do polegar e adutor do polegar.

Os movimentos do polegar são função de complexas interações neuromusculares e mecânicas entre os músculos intrínsecos e extrínsecos. Uma medida da complexidade e, portanto, da importância do polegar à função normal da mão é refletida pelo fato de que o valor do polegar foi estimado entre 40 e 50% de toda a mão. A extensão das articulações do polegar está sob controle dos extensores longo e curto do polegar, que atuam nas falanges e metacarpais. O oponente do polegar e abdutor curto do polegar são músculos tenares ativos durante a extensão do polegar. O flexor curto do polegar desempenha um importante papel no posicionamento do polegar sem carga próximo às pontas dos dedos, enquanto o flexor longo do polegar geralmente é inativo. Este, entretanto, parece fornecer a maior parte da força necessária para neutralizar cargas aplicadas ao polegar nessa posição, não importando se a falange distal está fletida ou estendida. O fator limitante na força da preensão pode de fato ser uma função da incapacidade de o polegar opor-se a cargas.

Para a adução do polegar contribuem o extensor longo do polegar, flexor longo do polegar, flexor curto do polegar e adutor do polegar. A contribuição do flexor e extensor longo do polegar é solicitada para trabalhar contra uma carga e, ao neutralizar as tendências dos outros músculos a fletir ou estender o polegar, propicia um torque de adução resultante.

Os músculos hipotenares, são o palmar curto, abdutor do dedo mínimo, flexor curto do dedo mínimo e oponente do dedo mínimo.

Quando o polegar é suavemente colocado em oposição aos lados e pontas de cada um dos dedos mediais, os músculos tenares são mais ativos que os hipotenares. Dos músculos tenares, o oponente é o mais ativo e o flexor curto do polegar o menos ativo. O músculo hipotenar mais ativo é o oponente do dedo mínimo. À medida que a força de oposição aumenta, a atividade do flexor curto do polegar aumenta, tornando-se dominante.

Os dedos e seus movimentos exemplificam como o conhecimento do tipo de articulação e da direção da linha de tração dos músculos envolvidos não fornece todas as informações necessárias para determinar o movimento qualitativamente. A complexa expansão extensora, uma estrutura tendínea altamente especializada, é um importante determinante do movimento dos dedos.

Na posição lumbrical, os lumbricais e interósseos dorsais e palmares não podem simultaneamente fletir a articulação MF e estender as articulações IFP e IFD. Na posição em gancho, a contração dos flexores longos dos dedos é necessária à flexão das IFP e IFD mas também é acompanhada de um indesejável torque de flexão na MF. Para anular o torque contraproducente, o extensor dos dedos se contrai, mas assim fazendo tende a causar extensão das IFP e IFD). Essas ineficiências aparentes podem ser explicadas pela natureza dos sistemas de alavancas e pela tensão passiva gerada por antagonistas alongados.

Os lumbricais e interósseos tendem a ser o sistema muscular dominante na articulação MF. Segundo, o extensor dos dedos domina a articulação MF quando os lumbricais não estão ativos. Terceiro, os flexores longos dominam as articulações IFP e IFD mesmo quando o extensor dos dedos está ativo.

Na posição lumbrical, os lumbricais e interósseos causam flexão da MF, que alonga o tendão do músculo extensor dos dedos e subseqüentemente causa extensão das articulações IFP e IFD. Na posição em gancho, o músculo extensor dos dedos e os flexores longos contribuem. O primeiro domina a articulação MF e os dois últimos dominam as articulações IFP e IFD. Na flexão completa, os flexores longos dominam as articulações MF, IFP e IFD, mas o estiramento imposto à expansão extensora deve ser aliviado por algum grau de extensão do punho ou, no mínimo, evitando-se a flexão do punho.

O movimento de preensão é geralmente considerado como a categoria de movimentos da mão nos quais a mão segura um objeto. Os movimentos de preensão são classificados como aperto de potência ou aperto de precisão. No primeiro, todos os músculos extrínsecos contribuem para a força. Os músculos interósseos e tenares são usados no aperto de potência, mas os lumbricais (excluindo o quarto) não são ativos.

O movimento grosseiro e força compressiva necessários no aperto de precisão são proporcionados por músculos extrínsecos específicos. Os músculos intrínsecos, entretanto, fornecem as características de controle fino da preensão. Se um objeto precisa ser girado na mão, os interósseos são importantes para abduzir e/ou aduzir as articulações MF, e os lumbricais abduzem e/ou aduzem e giram a falange proximal. Os interósseos propiciam alterações delicadas na compressão, e o flexor curto do polegar oponente do polegar e abdutor do polegar fornecem forças de adução transversalmente à palma.

Lesões crônicas de tendões flexores na mão — Reconstrução em dois estágios

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O tratamento das lesões crônicas dos tendões flexores da mão, ainda hoje, é um desafio pela grande freqüência de aderência do tendão usado como enxerto.

O conceito atual de tratamento deste tipo de lesão é a reconstrução em dois estágios. O primeiro, onde se coloca um material sintético no trajeto do tendão objetivando a formação de um neo-túnel que possa receber o enxerto biológico que será utilizado em um segundo tempo da reconstrução.

A utilização de implantes iniciou-se em 1936(13), em clássica experiência com tubos de celulóides, na qual observou-se a formação de uma pseudobainha, composta por células adaptadas em aceitar uma estrutura de deslizamento, no caso a estrutura de tendão. Esta técnica não obteve o sucesso esperado, pois sendo o material muito rígido, impedia a mobilização passiva das articulações, resultando em rigidez do dedo. Somente em 1963(2)é que se iniciou a utilização de espaçadores mais flexíveis, de material tipo silicone

Outras propostas de tratamento em dois estágios incluíam a utilização de enxerto de tendão, como o vascularizado, do flexor superficial do mesmo dedo, conforme trabalho em1969(14), que apesar de bastante interessante, desconsiderava a utilização do implante no primeiro tempo. Somente em 1971 foi que aprimoraram e detalharam a técnica de reconstrução tendínea em 2 estágios da forma como hoje conhecemos, incluindo relatos clínicos de alguns bons resultados(10).

A citação(1) reflete bem a importância do tema analisado "Os tendões flexores fazem parte de um conjunto anátomo-fisiológico muito complexo da mão. São os principais elementos atuantes nos movimentos de preensão; preensão forte e vigorosa do operário que empunha a sua marreta, preensão delicada e sutil do desenhista que traça as linhas corretas de um perfil de um rosto ou de um hábil cirurgião que maneja o seu bisturi em movimentos rápidos e precisos. Se para o operário a invalidez de uma de suas mãos significa a perda de sua capacidade para o trabalho, para os outros representa toda uma gama de dificuldades a começar pelo seu relacionamento do dia a dia."

Apesar de haver quase um consenso no que se refere à forma de reconstrução das lesões crônicas dos tendões flexores, observamos uma diversidade muito grande em relação aos resultados obtidos, muitas vezes, pouco animadores, o que nos motivou a realização deste trabalho relatando nossa experiência. Baseado em nossos resultados propomos uma discussão sobre os eventuais fatores que contribuem para obtenção de um resultado mais satisfatório.

 

CASUÍSTICA

A casuística consta de trinta e seis dedos em vinte e quatro pacientes operados no período compreendido de 1994 a 1997, onde vinte pacientes eram do sexo masculino, e quatro do sexo feminino. A idade variou de 6 a 47 anos com média de 20 anos. O dedo mais acometido foi o 2º quirodáctilo (44%); e a zona mais lesada, segundo classificação Verdan(19), foi a do tipo II em 22 casos (88%).

O intervalo decorrido entre a lesão e o 1º estágio cirúrgico variou de 1½ meses a vinte meses com média de 3 meses.

O sumário geral da casuística está apresentado na (tabela 1), onde se notam número de ordem, iniciais dos pacientes, idade, sexo, tipo de lesão ocorrida, localização das lesões com suas respectivas zonas e o intervalo de tempo entre a lesão e o 1º estágio cirúrgico.

 

 

Todos os pacientes foram avaliados pré-operatoriamente e classificados segundo a classificação(6) que considera o grau de extensão da lesão e estabelece também o seu prognóstico. (Tabela 2).

 

 

MÉTODO

Técnica operatória
1º Estágio

A técnica consiste em um 1º estágio onde se faz implante de espaçador de silicone por todo o trajeto do tendão flexor até a base da falange distal dos dedos. Alguns procedimentos cirúrgicos, complementares e necessários como: capsulotomias ou reparações das lesões associadas, como por exemplo o nervo digital, também são realizados neste estágio. Abordamos a lesão através de incisão volar em Zigue Zague(8) (Fig. 1).

 

 

A colocação do espaçador de silicone nos dedos acometidos vai desde a inserção do flexor profundo dos dedos na falange distal, até a região do terço distal do antebraço (Fig. 2).

 

 

Distalmente, sempre suturamos o espaçador ao coto do tendão flexor remanescente na falange distal, porém proximalmente o deixamos livre. O espaçador é sempre passado pelas polias remanescentes (Figs. 3 , 4 ).

 

 

 

 

Ainda neste 1º estágio, quando necessário, reconstruímos as polias A 2 e A 4 para se evitar o efeito em "arco de corda". Para tanto usamos, dois tipos de tecidos, ou uma porção do tendão do flexor superficial do próprio dedo acometido ou uma fita do retináculo extensor de aproximadamente 0,5cm de largura ao nível do punho. Quanto à reconstrução, usamos duas técnicas: a tipo I (11) que foi utilizada em 7 casos, onde realizamos a sutura da fita nas bordas fibrosas da antiga bainha e a tipo II (2,12) em 11 casos, onde abraçamos e rodeamos toda a falange óssea por baixo dos extensores na falange proximal e por cima na falange média (Figs. 5 e 6).

 

 

 

 

No pós operatório, iniciamos já no terceiro dia a mobilização passiva das articulações metacarpo e interfalangianas.

2º Estágio

Após um período mínimo de 04 (quatro) meses, durante o qual forma-se uma película ao redor do silicone, criando-se um neotúnel, efetuamos a segunda fase da tenoplastia. Nessa intervenção, abordamos com mínimas incisões, as localizações das extremidades proximal e distal do espaçador de silicone já instalado, e substituímos este espaçador pelo enxerto de tendão. (Figs. 7,8).

 

 

 

 

As fontes de enxerto utilizadas foram: palmar longo ipsilateral, palmar longo contralateral, plantar delgado e extensor curto dos dedos do pé. (Figs. 9,10).

 

 

 

 

A passagem do enxerto foi feita sempre de distal para proximal, fazendo com que este habite o neo-túnel formado. (Fig. 11).

 

 

Distalmente suturamos o enxerto no coto do tendão flexor profundo remanescente que está inserido na falange distal. Para reforço desta sutura, realizamos a técnica do "Pull Out" (14). A sutura proximal do enxerto foi feita no próprio tendão flexor profundo, ou superficial do dedo acometido. Em alguns casos de lesão, utilizamos como força motora, o tendão superficial do dedo vizinho sendo geralmente o do 4º dedo. Todas as suturas foram realizadas pela técnica Pulvertaft(15). A tensão desta sutura manteve o dedo em um grau de flexão maior que os outros dedos na posição de repouso, quando a sutura era feita no próprio tendão lesado. (Fig.12).

 

 

No pós operatório mantivemos o punho em extensão neutra, articulações metacarpofalangianas em 80º e interfalangianas em 0º. Iniciamos a mobilidade passiva no quinto dia pós operatório e ativa sem resistência no 18º dia. Os pacientes utilizaram órteses por um período total de seis semanas.

O sumário geral do método está apresentado na (Tabela 3), onde se notam número de ordem, iniciais do paciente, tipo de polia reconstruída, tipo de reconstrução de polia, as fontes de enxerto utilizadas e o tipo de tendão utilizado como motor na sutura proximal ao enxerto.

 

 

RESULTADO

Na avaliação pós operatória usou-se a método de WHITE(21), o qual baseia-se nos seguintes parâmetros: perda de extensão, somatória da flexão das articulações interfalangianas e metacarpofalangianas e de distância Polpa-Palma, conforme se vê (Tabela 4 e nas figuras: 13, 14 e 15).

 

 

 

 

 

 

 

 

Os nossos resultados estão na (tabela 5), que segue os critérios de avaliação propostos por WHITE.

 

 

Analisando-se os resultados vemos que 5,5% foram considerados excelentes (2 dedos), 61,1% bons (22 dedos), 16,6% com resultados regulares (6 dedos) e 16,7% com maus resultados (6 dedos).

 

COMPLICAÇÕES

Dez pacientes tiveram as seguintes complicações em 17 dedos:

Aderência ao nível da sutura proximal em 3 dedos (8,3%) Pacientes números: 01 - 2º QDE, 03 - 4º QDE, 06 - 5º QDE e na distal em 6 dedos (16,6%) 6 - 4º QDE, 7- 2º QDD, 10 - 4º QDD, 15 - 3º QDD, 13 - 2º QDE, 21 - 2º QDD.

Infecção em 2 dedos (5,5%) Pacientes números: 21- 2º QDD, 1- 4º QDE, migração do espaçador de silicone em 1 dedo (2,7%) Paciente número 17 - 4º QDD.

Afrouxamento do tendão em 4 dedos (11,1%) pacientes números 10 - 3º QDD, 18 - 3º QDD, 2 - 3º QDE, 2 - 4º QDE. e arco de corda em 1 dedo (2,7%) Paciente número: 19 - 4º QDD. Não se constatou em nenhum caso ruptura do enxerto de tendão ou sinovite.

Para as aderências tendinosas foram realizados tenólises em segundo tempo em todos os pacientes. Os casos de infecção foram tratados com antibioticoterapia e reoperados em segundo tempo. No paciente em que houve a migração do espaçador, este foi reposicionado e seguida; posteriormente a técnica normal de cirurgia, para os casos visíveis de afrouxamento do tendão foi feito retesamento e para o caso do "arco de corda" foi feito a reconstrução da polia pela técnica do tipo II.

 

DISCUSSÃO

Quando deparamos com uma lesão dos tendões flexores a nível da mão, é de suma importância sua divisão em: aguda ou crônica. Se por um lado as lesões agudas, quando tratadas, tem um prognóstico melhor, não podemos dizer o mesmo das lesões crônicas em que se faz necessário, uma reconstrução mais complexa e portanto sujeita a uma margem maior de resultados insatisfatórios. Pela classificação de Boyes(6), dentre as crônicas, as piores quanto ao prognóstico são as de grau maior do que 3. A maioria dos casos por nós tratados são lesões crônicas assim classificadas, portanto, os piores casos.

Em relação ao primeiro estágio cirúrgico consideramos importante uma ampla exposição da região volar do dedo acometido para que possamos avaliar as condições das polias remanescentes, e quando de sua inviabilidade, realizarmos a reconstrução de pelo menos as A 2 e A 4. Pois sem estas polias, na flexão do dedo ocorre o "arco de corda" já mencionado e observado no paciente nº 19 (Figs. 16 a 19). Para reconstrução de uma polia recorremos a uma fita transversa do retináculo extensor do carpo, quando havia necessidade de mais de uma polia recorríamos ao flexor superficial do próprio dedo acometido. Observamos que o tipo de reconstrução onde a sutura era feita apenas suturando-se nas bordas da bainha remanescente (tipo I) técnica original, descrita(11) não garantia os bons resultados. Portanto passamos a proceder a reconstrução da polia em forma de anel(2,12),ao redor de toda a circunferência da falange proximal e média. Desta forma obtínhamos uma nova polia com maior resistência evitando-se assim o efeito em arco de corda. Os pacientes operados pelo tipo II apresentaram melhores resultados, como nos pacientes números: 5 - 5º QDE, 9 - 3º QDD, 12 - 2º QDE, 15 - 3º QDD, 17 - 5º QDD, 23 - 3º QDD,23 - 4º QDD, 23 - 5º QDD, 24 - 2º QDD, 11 - 4º QDD.

 

 

 

 

 

 

 

 

Não usamos esta técnica em nenhuma lesão do polegar, pois acreditamos que nestes casos, a transposição do flexor superficial do 4º dedo tenha melhores resultados.

Somente após um período mínimo de 4 meses é que era realizado o 2º estágio, tendo como pré-requisito básico a amplitude articular passiva total do dedo acometido. Apesar das diferenças individuais, as orientações quanto ao processo de reabilitação pós-operatória eram feitas de maneira uniforme.

Em relação ao segundo estágio da reconstrução, consideramos alguns pontos importantes que levam a um resultado final mais satisfatório. São estes: o tipo de enxerto, a forma de fixação distal do enxerto, a unidade motora a ser utilizada, a tensão da sutura que devemos manter ao tendão reconstruído e fisioterapia pós-operatória

Como fonte doadora de enxerto nossa prioridade recaiu sobre o tendão do palmar longo, plantar delgado e o extensor curto dos dedos do pé, nesta ordem. Quando presente o tendão palmar longo oferece mais vantagens, sendo o mais utilizado. Quando foi necessário mais de um enxerto (caso de dois ou mais dedos lesados) obviamente realizamos a retirada de enxerto de outros locais. A passagem do enxerto pelo túnel já preparado foi a menos traumática possível com a realização de incisões pequenas tanto a nível do punho como na base da falange distal do dedo.

Em relação à fixação distal do enxerto achamos mais seguro complementar a sutura com a realização de um "pull-out"(18). Devemos lembrar também da importância do fechamento da pele na região da sutura distal antes do inicio da sutura proximal, pois após esta teremos dificuldade em abordar a região volar do dedo devido à sua posição de flexão. A nível da sutura proximal, não temos dúvida em afirmar que a sua realização na zona 5 é fator de melhor prognóstico do que as realizadas em outro nível, já que o risco de aderência é menor(5).

Uma vez secionado o tendão temos uma retração não só do segmento tendíneo como principalmente da porção muscular. Mesmo que no momento de sua utilização procuremos fazer seu alongamento, acreditamos não ser possível obter seu comprimento normal, o que irá ocorrer contudo ao longo do processo de reabilitação. A nosso ver esta é a principal causa da frouxidão que acaba se sucedendo no tendão reconstruído. Com relação a escolha da unidade motora utilizamos o flexor profundo ou superficial de outro dedo adjacente. A utilização do flexor superficial de um dedo adjacente normal, em geral o quarto dedo, proporciona maior previsibilidade quanto a não perda de tensão ao longo do processo de reabilitação. Portanto, achamos que no caso de utilizarmos como unidade motora o próprio dedo lesado, a tensão da sutura no intra-operatório deverá ser maior, o que será observado pela maior flexão do dedo em relação aos demais na posição de repouso, ao contrário da utilização do tendão adjacente em que poderemos ajustar a tensão de forma que o dedo assuma uma posição de repouso próxima à anatômica.

Nos pacientes que apresentavam "frouxidão", por perda da tensão pós operatória realizamos nova intervenção para retesamento e notamos que após a cirurgia houve melhora significativa em 3 casos. Paciente números: 2 - 3º QDE, 2 - 4º QDE, 10 - 3º QDE, mostrando a importância da "regulagem" da tensão na sutura.

Ressaltamos também a importância da fisioterapia pós-operatória onde chamamos à atenção para a posição das articulações interfalangianas proximais que devem sempre, estar em posição de extensão completa (0º), pois a retração em flexo da articulação, acaba comprometendo o resultado.

A razão de adotarmos a classificação de WHITE(21)é que a mesma apresenta parâmetros mais completos, possibilitando assim uma melhor análise dos resultados, embora as vezes se torne difícil compararmos com outras da literatura, menos rigorosas.

A reconstrução de tendões flexores em lesões crônicas é considerada uma verdadeira operação de salvamento(16). Nossos resultados mostraram, quando comparados com a literatura(4,7,9,14 e 15) uma média maior de bons resultados; talvez porque tenhamos utilizado os detalhes de técnica já mencionados, que teriam influenciado os nossos resultados (diminuição da incidência de maus resultados). Como demonstramos no paciente número 14 (Figs. 19 a 23).

 

 

 

 

 

 

 

 

CONCLUSÃO

A reconstrução dos tendões flexores em dois estágios pode melhorar significativamente a função dos dedos lesados que apresentam extensa fibrose ou aderência do mecanismo flexor.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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13. MAYER, L. & RANSOHOFF, N.S. Reconstruction of the distal tendon sheath contribution to the Physiological method of Repair of damanged finger tendon. J. Bone Joint Surg 18: 607, 1936.         [ Links ]

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19. VERDAN, C. Pratical considerations for primary and secondary repair in flexor tendon injuries. Surg. Clin. north. Am., 44 : 951-970, 1964.         [ Links ]

20. WENSTEIN, S.; SPRAGUE, B. L. & FLATT, A. Evaluation of the two - stage flexor tendon reconstruction in severely damaged digits. J. Bone Surg 58 - A: 786-791, 1976.         [ Links ]

21. WHITE, R.; MENIMAN, P. Mc & GORDON, S. Evaluation of results in flexor tendon surgery. Ann Chirurgu 33 : 659-662, 1979.         [ Links ]

 

Endereço para correspondência
Rua das Hortências, 451 - Granja Viana
Carapicuiba - SP - CEP 06355-370
Email: samuelribak@aol.com

Trabalho realizado no Hospital Nossa Senhora do Pari - São Paulo - SP


Problemas comuns na mão

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Independentemente da sua idade ou da sua ocupação, as suas mãos estão sempre trabalhando. Visto que as suas mãos são tão importantes, qualquer anormalidade pode ser preocupante. Muitos dos problemas comuns da mão, os quais interferem nas suas atividades diárias, podem ser diagnosticados e tratados por seu cirurgião-ortopedista.

Cistos

Os cistos são os caroços mais comuns na mão. Eles são mais comuns na parte posterior do pulso. Esses cistos não-malignos e cheios de fluido surgem dos ligamentos, de tecidos das articulações (juntas) ou da bainha dos tendões quando esses estiverem irritados ou inflamados. Eles podem desaparecer ou mudar de tamanho rapidamente.

Muitos cistos não necessitam de tratamento. Entretanto, se o cisto apresentar dores, interferir com as funções normais ou o paciente não gostar de sua aparência, o seu cirurgião-ortopedista pode remover o fluido, injetar esteróides ou remover o cisto cirurgicamente.

Síndrome do Túnel Carpal

Os sintomas comuns da síndrome do túnel carpal são a dormência e formigamento na mão, especialmente à noite, dor causada por longos períodos empunhando um objeto, como por exemplo a direção de um carro ou dificuldades no manuseio de objetos. A dor pode também, em alguns casos, estender-se até o ombro.

Esses sintomas são causados por pressão no nervo mediano a medida que ele entra na mão através de um túnel no pulso. Os tendões que movimentam seus dedos também passam através desse túnel.

Casos pouco severos podem ser tratados com uma tala ou uma abraçadeira para descansar o pulso. Pode também ser utilizada injeção de esteróides no canal carpal, a fim de diminuir o inchaço em casos mais severos. Os casos que não respondem a tratamentos não-cirúrgicos e aqueles casos diagnosticados muito tarde podem necessitar cirurgia. Esse procedimento é geralmente efetuado com anestesia local.

Tendinite do Pulso

A tenossinovite estenosante DeQuervain é mais comum em mulheres adultas com idade entre os 30 e 50 anos. Ela é uma irritação e inchaço da bainha ou túnel que envolve os tendões do polegar a medida que eles passam do pulso para o polegar. Os sintomas mais comuns são dores ao beliscar ou segurar um objeto e sensibilidade sobre o túnel. Em alguns casos um caroço pode ser sentido sobre essa superfície. Se for efetuado o teste de Finkelstein, que consiste em fechar a mão com o polegar entre os dedos em direção ao dedo mínimo, a dor piora.

A tendinite pode ser causada pela utilização demasiada da mão e também pode ser encontrada em associação com gravidez e com artrites inflamatórias ou outras doenças reumáticas.

Se tratados cedo, muitos casos melhoram com a simples utilização de talas, injeção de esteróides e/ou a prescrição de medicamentos anti- inflamatórios.

Casos mais severos e aqueles que não respondem a outros tratamentos podem necessitar cirurgia. A modificação e o afastamento das atividades que causam esses sintomas podem vir a ser necessárias inicialmente.

"Desgaste e Rompimento" - Artrite da Mão

A artrite de desgaste com rompimento é muito comum na base do polegar. Um sintoma comum inicial, que se agrava particularmente com o uso, é uma dor localizada na base do polegar. A doença em seu estágio inicial pode ser tratada com medicamentos antiinflamatórios, injeções de esteróides na articulação (junta) ou com talas.

À medida que o desgaste e a deformidade progridem, é freqüentemente necessário que se efetue uma cirurgia. Existem vários procedimentos para aliviar a dor e melhorar a função.

Os nódulos de Heberden são caroços que surgem na última junta dos dedos ou polegar, como sinal da artrite de desgaste e rompimento ( Osteoartrite). À medida que as juntas deterioram, pequenos pedaços de ossos se deslocam para trás da junta e causam a formação de caroços.

Os nódulos de Heberden não são dolorosos e muito raramente interferem com o funcionamento do dedo e da junta, dessa forma, geralmente não é necessário nenhum tratamento específico. Os pacientes que apresentarem dores podem ser tratados com medicamentos antiinflamatórios. Todos os pacientes devem continuar a utilizar sua mão normalmente, pois o desuso geralmente resulta em rigidez.

Contratura de Dupuytren

A contratura de Dupuytren é um engrossamento hereditário de um tecido chamado fáscia que é encontrado logo abaixo da pele da palma de sua mão. Essa condição pode variar desde pequenos caroços até faixas muito espessas, as quais podem, eventualmente, puxar os dedos em direção à palma da mão.

A doença de Dupuytren é familiar e pode ser associada com tabagismo, doenças vasculares, epilepsia e diabetes.

O único tratamento é o tratamento cirúrgico e ele é recomendado se existir contratura progressiva puxando os dedos em direção a palma da mão. Pequenos nódulos ou pequenos caroços na palma da mão não necessitam de tratamento até tornarem-se grandes e interferirem no funcionamento da mão. Mesmo com a remoção cirúrgica bem sucedida, as faixas podem aparecer novamente ou ocorrer em outros dedos.

Dedo em Gatilho

O dedo em gatilho é uma irritação da bainha digital que envolve os tendões flexores. Quando a bainha do tendão torna-se mais grossa ou inchada ela belisca o tendão e evita que ele deslize levemente. Em alguns casos o tendão é preso e então ele solta de repente, assemelhando-se ao acionamento de um gatilho.

Algumas vezes o inchaço pode ser tratado com descanso, modificação de atividades, antiinflamatórios por via oral ou injeções de esteróides. Dessa forma a bainha do tendão irá retornar a sua forma normal, livre de dor. Os casos mais severos podem necessitar de cirurgia para liberar o tendão. As atividades usuais do paciente podem ser efetuadas, à medida que as dores permitirem.

Como a órtese pode ajudar quem tem problemas nas mãos

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O termo órtese origina-se da palavra grega "Orthos" que significa direito, reto, normal. Através disso podemos definir órtese como um dispositivo exoesquelético que aplicado a um ou vários segmentos do corpo tem a finalidade de proporcionar o melhor alinhamento possível, buscando sempre a posição funcional, ou seja, a mais adequada.

O tratamento com órteses pode ser definido como a aplicação de forças externas geradas por um aparelho utilizado pelo paciente. Embora, essa força seja elaborada biomecanicamente, também apresenta implicações neurológicas significativas, que resultam dos impulsos proporcionados ao SNC.    

A órtese deve ser usada como um adjunto no processo de reabilitação, de modo que, uma órtese bem indicada, cuidadosamente elaborada e apropriadamente ajustada, com freqüência favorece o tratamento terapêutico. Entretanto, devemos considerar que o programa de exercícios terapêuticos, aliado à intervenção com órteses, precisam abordar os mesmos problemas e devem ser direcionados para o mesmo resultado, tanto biomecânico quanto neurológico.

As finalidades principais das órteses, entre outras,  são evitar o aparecimento de deformidades, corrigir deformidades já existentes passíveis de correção, bloquear e evitar movimentos anormais e reduzir, por seu uso bem indicado e constante. As órteses em geral, podem atuar de três maneiras: prevenindo movimentos não desejados, estabilizando ou restringindo a linha de movimento de uma ou mais articulações; através da correção da deformidade; ou ainda através do alívio total ou parcial do peso corporal ou da articulação.

As órteses são dispositivos que auxiliam o membro acometido durante a reabilitação da mão. Elas controlam, preservam, modificam e aumentam a mobilidade com o intuito de corrigir desvios e contraturas articulares, retrações tendinosas; atendendo a casos traumatológicos (fraturas, por exemplo), reumatológicos (artrite reumatóide e tendinites) e neurológicos (paralisia cerebral). As órteses proporcionam tratamentos menos dolorosos, mais modernos e períodos de recuperação muitas vezes mais curtos, possibilitando um retorno mais rápido ao trabalho e às atividades de vida diária como digitar, escovar os dentes ou pentear os cabelos, devendo estar associadas aos exercícios e atividades terapêuticas, proporcionando um tratamento mais satisfatório.

Os tipos de órteses variam de acordo com a necessidade do paciente. Existem as estáticas, estáticas seriadas, estáticas progressivas, articuladas (utilizadas para posicionamento do membro), as dinâmicas (utilizadas para o fortalecimento de músculos) e as funcionais (as quais devem ser prescritas após uma avaliação criteriosa das atividades de vida diária do paciente). Quanto à classificação, as órteses podem ser pré-fabricadas, que são feitas em série, ou serem confeccionadas sob medida pelo terapeuta ocupacional respeitando as características anatômicas individuais.

Após sua confecção, faz-se necessário um acompanhamento com observação criteriosa do terapeuta ocupacional quanto à melhora do padrão funcional com o uso da órtese e a opinião do paciente (quando possível) ou familiar quanto ao benefício obtido.

Ao se confeccionar uma órtese existem considerações anatômicas que devem ser respeitadas, por exemplo, os arcos e as pregas palmares, as estruturas ósseas, nervos e ligamentos. As articulações nunca devem ser imobilizadas sem necessidade para que não aja limitação da função da mão.

As órteses sempre devem ser individuais, sempre relacionadas a um programa de exercícios e atividades, ajustes constantes devem ser feitos.

Fonte

Tratamento do terapeuta ocupacional em recuperação de mão

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Se realizada uma intervenção precoce obtém-se ótimos resultados. O atraso, no entanto, pode levar em lesão nervosa irreversível com sintomas e disfunções permanentes.

7.1 Conservador

Está indicado para casos com menor gravidade.

Indica o repouso relativo das atividades, uso de splint para a imobilização do punho, mantendo-o em posição neutra ou em ligeira extensão e o uso de antiinflamatórios sistêmicos.

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Figura 8 – Splint. Fonte: www.wheatonbrace.com

7.2 Cirúrgico

É indicado caso o tratamento conservador falhe.

A técnica utilizada é a liberação do ligamento transverso do carpo, que pode ser feito através de incisão aberta tradicional ou endoscopia do túnel carpal, que usa uma incisão menor.

Obtém melhoria na maioria dos casos e o paciente pode voltar a trabalhar no tempo de duas a três semanas.

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Figura 9 – Nervo mediano lesado. Fonte: www.scielo.br

7.3 Terapêutico

Pode ser:

· Prevenção

O programa de prevenção ergonômica deverá modificar o posto de trabalho de modo a evitar o desvio excessivo do punho, tanto à flexão quanto dorsal, e favorecer a execução das tarefas com este em posição neutra.

A diminuição da repetitividade através da automatização, redução do número efetivo de movimentos, enriquecimento das tarefas, redução do ritmo de produção, implantação de pausas (COUTO – ERDIL; DICKERSON, 1994 – SOBRINHO, 1993) e o controle da temperatura do ambiente de trabalho (do frio) são medidas cabíveis para a prevenção da STC (ERDIL; DICKERSON, 1994), assim como a modificação no design das ferramentas de mão, com o intuito de não causar pontos de pressão sobre pequenas áreas, como a palma (ERDIL; DICKERSON, 1994).

· Reabilitação

Numa visão integrada do ser humano e do trabalho de reabilitação, o objetivo maior do terapeuta ocupacional no campo da reabilitação ortopédica e traumatológica é auxiliar o paciente a explorar seus potenciais funcionais máximos, restaurando sua função, habilitando-o ou reabilitando-o quando ele apresenta disfunção ou incapacidade física. O terapeuta ocupacional dispõe de recursos e desenvolve procedimentos terapêutico-ocupacionais específicos, com vistas à recuperação física funcional e ocupacional e à obtenção de melhor qualidade de vida, atuando também sobre sua condição emocional e, com isso, promovendo sua inserção social.

Os exercícios de fortalecimento, por exemplo, são iniciados paulatinamente dando preferência inicial aos exercícios isométricos, seguidos pelos isotônicos de resistência progressiva: massinhas de diferentes resistências e exercitadores de dedos.

Abordando mais diretamente a disfunção do paciente, o terapeuta ocupacional visa:

À prevenção de deformidades

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Ao treino da independência nas atividades de vida diária (AVD) e do cotidiano

À confecção de órteses e/ou adaptações

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À promoção da analgesia

Ao controle do edema

Ao ganho de amplitude de movimento e força

Ao manuseio da cicatriz

À reeducação sensitiva

7.4 Programas de exercícios específicos

· Passivo

Consiste da aplicação de uma força externa para promover uma amplitude de movimento articular e alongar os tecidos moles encurtados, sem utilizar a contração muscular ativa. Objetiva a obtenção de flexibilidade articular.

· Isométrico sem resistência

É utilizado quando o movimento articular não é possível ou quando não é permitido. Seu objetivo é manter a força muscular por meio da contração muscular isométrica.

· Isométrico resistido

É realizado da mesma forma que o exercício isométrico sem resistência, com acréscimo de uma resistência externa que pode ser aplicada pelo terapeuta ou contra uma resistência que bloqueia o movimento articular.

· Isotônico ativo assistido

O indivíduo move ativamente a articulação, de acordo com suas possibilidades. Essa assistência adicional pode ser realizada manualmente pelo indivíduo ou pelo terapeuta ocupacional.

· Isotônico ativo

É uma forma de exercício que requer contração muscular sem resistência ou auxílio externo. Seu objetivo é aumentar a força pelo aumento da frequência, das repetições e da duração dos exercícios.

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· Isotônico resistido

É realizado quando o indivíduo consegue mover a articulação em seu arco de movimento completo contra a resistência da gravidade. Pode ser feito de forma excêntrica ou concêntrica: molas, bandas elásticas, massas de silicone. O fortalecimento acontece com o aumento progressivo da carga e da freqüência, com a repetição e a duração do exercício.

· Endurance

Aumenta a resistência do músculo por um período de tempo prolongado, com número de repetições aumentado m razão do tempo de execução.

Como ocorrem as fraturas de punho

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As fraturas da extremidade distal do rádio em pessoas idosas são tipicamente devido à osteoporose. Durante muitos anos a osteoporose foi relegada a segundo plano. Com o aumento do tempo de vida, a população idosa aumentou e com isso o aumento do número de fraturas.

Durante muitos anos essas fraturas foram tratadas apenas com gesso. Este tratamento conservador além de provocar sofrimento ao idoso devido ao peso e ao incômodo, provocado atrofia muscular e rigidez articular.
Atualmente, com modernos métodos de osteossintese, o tratamento cirúrgico é de escolha.

Ele permite que o paciente fique sem imobilização externa, evitando o peso do gesso e a atrofia muscular alem de permitir movimento precoce e evitar a rigidez articular. Isto melhora a qualidade de vida do idoso.

Fratura de punho e seu tratamento

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O punho é composto de 8 pequenos ossos distribuidos em duas fileiras. Fileira proximal: Escafóide, semilunar, piramidal e pisiforme e a distal: trapézio, trapezóide capitato e hamato. Dois ossos do ante braço, rádio e ulna.

Sua forma, articulações e disposição permite movimentos de lateralidade, rotação, extensão e flexão.

As frautras da extremidade distal dos ossos do punho são conhecidas de longa data. POUTEAU 1783 e COLLES 1814 já descreveram estas lesões que ainda hoje um tipo de fratura do punho leva o nome de fratura de Pouteau-Colles.



No diagnóstico a primeira coisa a ser feita é se a fratura é deslocada ou não. Em casos de deformidade haverá necessidade de um procedimento de urgência - REDUÇÃO, que consiste em aplicar um tipo de anestesia, e colocar os ossos na sua posição de origem - reduzir. Nesse primeiro diagnóstico, o especilista diferencia também entre as fraturas estáveis, as que mesmo deslocadas, reduzidas e imobilizadas não mudarão de comportamento durante o período de consolidação de 3 a 9 semanas dependendo da fratura a REDUÇÃO e IMOBILIZAÇÃO é o tratamento.

Outras, deslocadas ou não são por natureza instáveis que necessitam além da REDUÇÃO, nas fraturas deslocadas, FIXAÇÃO - com vários materiais.

O tempo de imobilização depende do tratamento realizado e da fratura. A tendência é o emprego de material cada vez mais rígidos para uma mobilização precoce o que diminui os riscos das complicações mais comuns nas fraturas, a rigidez.


Fraturas de mão em crianças

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As fraturas dos metacarpos (ossos dos dedos) são responsáveis por 3 a 40% de todas as fraturas da mão. E elas são geralmente o resultado de trauma direto.

O pico de incidência é observado na adolescência devido à prática esportiva, e até os 3 anos, em consequência de lesões por esmagamento.

Ocorre inchaço, equimose, deformações e lesões abertas. A mão ilesa apresenta uma cascata normal de dedos semifletidos (semidobrados); uma alteração nessa postura pode indicar lesão.

O tratamento depende fundamentalmente do local da fratura e da quantidade do desvio: fraturas com deslocamento mínimo sem desvio rotacional podem ser tratadas com imobilização por 3 a 4 semanas.

Para fraturas das falanges e metacarpais, recomenda-se a imobilização do dedo fraturado com pelo menos um dos dedos adjacentes. Aparelho bráquio-palmar (mão/braço) é aceito contanto que haja cooperação. A grande maioria das fraturas de mão em crianças, consolida-se sem complicações.

Por Dra. Patrícia Moraes de Barros Fucs

Fonte: Baseado no texto do autor no livro: Manual de Urgências e Emergências em Pediatria - Hospital Infantil Sabará – Ed. Sarvier

Colocação segura de pinos percutâneos em fraturas subcapitais do quinto metacarpo: um estudo anatômico

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INTRODUÇÃO

As fraturas subcapitais do quinto metacarpo, também conhecidas como fratura do boxeador é uma das lesões mais comuns encontradas pelo cirurgião da mão. A redução fechada e a imobilização com gesso, fios de Kirschner, parafusos interfragmentários (lag screws) são opções de tratamento. As fraturas oblíquas curtas são tratadas de modo ideal com fios de Kirschner ou com fixação com placa. A maioria das fraturas do quinto metacarpo pode ser tratada com desfechos previsivelmente bons. Atualmente, a maioria das fraturas do quinto metacarpo que requerem intervenção cirúrgica é tratada com colocação de pino percutâneo empregando-se avaliação radiológica intraoperatória.

As fraturas da mão são comuns entre as mais comuns do sistema esquelético, compreendendo de 15% a 20% do total de fraturas e a maioria delas compromete a cabeça e o colo do metacarpo; elas foram consideradas fraturas impactadas estáveis.1,2 No interior da mão, as fraturas do quinto metacarpo são as mais comuns, e segundo relatos, são responsáveis por 16% a 34% das fraturas de mão.1-3 As fraturas do quinto metacarpo podem ser classificadas como subcapitais (colo), diafisárias ou basais. Na fratura subcapital, a etiologia é, em geral, dar um soco em uma pessoa ou em objeto, com o punho cerrado, de modo que ocorra um choque direto nas articulações dos dedos da mão.3-5 Assim sendo, a fratura subcapital também é conhecida como fratura do boxeador. Nas áreas urbanas, esse tipo de fratura é comum nos departamentos de emergência.3 O tratamento da fratura do boxeador normalmente depende do grau de angulação e da rotação da cabeça do metacarpo. Se a fratura for gravemente deslocada, a redução fechada e a fixação com fios de Kirschner é amplamente aceita como tratamento adequado.6 Estudos anteriores mostraram que a fratura do colo do quinto metacarpo com deformidades angulares de até 45° pode ser tratada de modo não-cirúrgico e desfecho funcional adequado.7,8 Os pesquisadores afirmaram que o tratamento de fraturas fechadas do colo do metacarpo, da diáfise e intra-articulares da base do quinto metacarpo com colocação de pino percutâneo transversal, usando-se dois fios K distalmente e um proximalmente, demonstrou excelente desfecho funcional e anatômico.9 O ramo dorsal do nervo ulnar (RDNU) emerge proximalmente ao punho, passa distal e dorsalmente profundo ao músculo extensor ulnar do carpo, perfura a fáscia profunda e descende ao longo do lado medial do punho e da mão para se dividir em dois ou, com frequência, três nervos digitais dorsais que inervam o lado ulnar do dedo anular e ambos os lados do dedo mínimo. Um inerva o lado medial (ulnar) do dedo mínimo, o segundo, os lados adjacentes dos dedos mínimo e anular, enquanto o terceiro, quando presente, inerva os lados contíguos dos dedos anular e médio; contudo, pode ser substituído total ou parcialmente por um ramo do nervo radial, sempre se comunicando com ele no dorso da mão.10 No dedo mínimo, os nervos digitais dorsais estendem-se até a base da falange distal.11 A inervação sensitiva dos dedos na região ulnar do dedo mínimo tem papel importante na função da mão. A lesão nesse nervo e a perda de sensibilidade nessa região pode afetar a habilidade e a função da mão. Além disso, pode haver mais risco de lesão no dedo mínimo depois da perda dessa sensibilidade protetora. O RDDDM do RDNU que, então, inerva o lado medial (ulnar) do dedo mínimo faz trajeto ao longo do quinto metacarpo e, por esse motivo, há risco de lesão do nervo quando os fios de Kirschner são inseridos.

A finalidade deste estudo foi examinar em cadáveres, a relação do RDDDM do RDNU e definir os pontos de inserção dos fios transversais usados para colocação de pinos percutâneos nas fraturas subcapitais do metacarpo e esclarecer o acesso anatômico necessário para evitar lesão iatrogênica no nervo.

 

MATERIAIS E MÉTODOS

Dez membros superiores (n = 10; cinco direitos, cinco esquerdos) foram usados neste estudo. Os membros foram obtidos de seis cadáveres fixados em formalina (média de idade no óbito = 61 anos, faixa 45-72 anos). As peças antes dissecadas ou danificadas foram excluídas do estudo. O comprimento total do quinto metacarpo foi medido. Os fios foram introduzidos em paralelo no terço distal do quinto metacarpo. Dois fios foram introduzidos 0,5 cm proximal e distalmente à linha da fratura, que foi definida como a margem em que 5/6 e 6/6 partes distais do quinto metacarpo se uniam (esses dois pontos foram definidos após o cálculo usando-se o comprimento total do quinto metacarpo) e que podem refletir a linha usual de da fratura do boxeador.

O ramo dorsal do nervo ulnar e seus ramos foram então cuidadosamente dissecados ao longo de seu curso até o dedo mínimo. Todas as medições foram realizadas usando-se compasso digital com precisão de 0,01 mm. A análise estatística descritiva foi aplicada para determinar média e desvio padrão (DP). Ainda, a proximidade entre o RDDDM o RDNU foi medida com relação aos fios que penetraram, assim como as distâncias entre o RDDDM do RDNU e o fio K proximal (mm) e entre o RDDDM do RDNU e o fio K distal (mm).

 

RESULTADOS

Proximalmente, o RDDDM do RDNU fez trajeto ao longo da região medial (ulnar) do osso em algumas peças. (Figura 1)

 

 

Conforme o nervo prosseguia para distal, fazia trajeto dorsal na mão. O comprimento médio do quinto metacarpo encontrado foi 57,63 ± 6,24 mm.

Os pontos de inserção, como já descritos, foram marcados e não estavam sobre do ramo nervoso, cursando na face lateral do quinto metacarpo. (Figura 2)

 

 

Para ambos os grupos, a média de distância entre o RDDDM do RDNU e o fio K proximal foi 3,33 mm e a média da distância entre o RDDDM do RDNU e o fio K distal K foi 5,86 mm. Os detalhes de cada mensuração foram demonstrados na Tabela 1.

 

 

A borda do músculo oponente do dedo mínimo na face lateral do quinto metacarpo foi definida como nível padrão para a colocação do pino. (Figura 2)

 

DISCUSSÃO

As fraturas do colo do quinto metacarpo estão entre as mais comuns da mão, mas raramente exigem cirurgia. Para essas fraturas em especial, embora o grau de angulação aceitável seja controverso, até 50° a 60° de angulação podem ser bem tolerados, com bons resultados funcionais e, em geral, podem ser tratadas com procedimentos bastante simples, a menos que a angulação ou a rotação sejam graves. O tratamento das fraturas do colo do metacarpo baseia-se na apresentação dessas fraturas, no grau de deslocamento e na dificuldade de manutenção da redução da fratura. A fixação com fio de Kirschner é bem-sucedida nas fraturas do colo do metacarpo.12 Em um estudo anterior, não houve diferenças entre os desenlaces clínicos de 18 fraturas do colo do metacarpo tratadas com cirurgia e 105 tratadas sem cirurgia. O desfecho adicional (isto é, estético) foi expressivamente melhor para as 113 fraturas de diáfise do metacarpo não tratadas cirurgicamente do que as 26 submetidas à cirurgia.13 O RDNU descende ao longo do lado medial do dorso do punho, depois de cerca de 4 cm de sua inserção proximal, proximalmente ao punho. Faz trajeto profundo até o músculo flexor ulnar do carpo, penetra a fáscia profunda e faz percurso ao longo do lado ulnar do dorso da mão. Esse nervo em geral divide-se em dois ramos digitais dorsais, inervando os dedos 1 e 5 na região dorso-ulnar. Sobre o quinto dedo, o ramo digital dorsal estende-se para a base da falange distal, enquanto se estende apenas até a falange média do quarto dedo. As áreas mais distais são inervadas pelos ramos dos ramos palmares do nervo mediano (nervos digitais palmares próprios).14 Eles originam dois ou, com frequência, três nervos digitais dorsais. Um nervo digital próprio para a margem ulnar do dedo mínimo é responsável pelas inervações sensitivas do lado ulnar do dedo mínimo, o segundo, para os lados adjacentes do quinto e do quarto dedos, enquanto o terceiro inerva os lados contíguos do quarto e terceiro dedos.11,15 Bozkurt et al.16 encontraram um nervo digital palmar próprio para o dedo mínimo, que emergia do RDNU e que penetrava na fáscia profunda, para se tornar subcutâneo e prosseguir distalmente no lado palmar-ulnar da mão até atingir o dedo mínimo. Windish, G.17 também identificou um caso incomum em cadáver com variação da vascularização e inervação do quinto dedo com dois ramos do RDNU. Um deles para a face dorso-radial do dedo mínimo e para a face dorso-ulnar do dedo anular e um segundo, que continuava trajeto no lado ulnar dos músculos hipotenares, mudando da face dorsal para a palmar do dedo mínimo e fazendo trajeto ulnar-palmar até a ponta do quinto dedo, dois diminutos nervos cursando para trás, dorsalmente, para inervar a face dorso-ulnar do dedo mínimo. Na literatura há grande variação de grau de angulação palmar que pode ser aceitável para as fraturas de colo do quinto metacarpo. Alguns autores18-20 acreditam que a angulação palmar que excede 30° requer redução e outros toleram ângulos de até 40°,21 50°22 ou até70°.23 Não há consenso sobre a necessidade de reduzir a fratura ou de como manter a redução. Embora a redução seja bastante fácil de obter, a imobilização com frequência não consegue manter a redução com o tratamento conservador, devido à combinação da região palmar do colo do metacarpo e os músculos intrínsecos que atuam no fragmento distal.20,21,24-26 Demonstrou-se que o tratamento cirúrgico proporciona melhor correção da angulação do que o tratamento conservador com redução e imobilização.6 O tratamento foi descrito por Bosworth,27 em 1937, e usava fios K para fixar a cabeça e a diáfise do quinto metacarpo ao quarto metacarpo. A osteossíntese retrógrada com fios K cruzados, descrita por Smith e Peimer,28 em 1977, foi amplamente aceita por muito tempo. Embora haja relatos de bons resultados, as desvantagens dessa técnica são que exige grande perícia e que não é possível obter o controle de rotação. A fixação com fio K transversa para estabilização da fratura metacarpal foi descrita pela primeira por Berkman e Miles.29 Pode ser usada para todas as configurações de fratura, devido à pronta disponibilidade em qualquer instalação cirúrgica e à técnica fácil. Se a redução da fratura ou colocação de pino for inaceitável, a reinserção é um procedimento simples. Ao contrário, os pinos sem rigidez podem desviar a fratura e afrouxar ou infeccionar. Em fraturas instáveis do metacarpo, Lamb et al.30 sugeriram o uso de dois fios K, um proximal e um distal ao local da fratura. Com essa técnica, Paul et al.31 demonstraram que o controle totalmente pivotante no eixo do fio distal é essencial para obter fixação de dois pontos nos dois fragmentos da diáfise. Isso é obtido proximalmente através da articulação carpometacarpal intacta e do fio, e distalmente, usando-se dois fios. A seleção do tratamento ideal depende do vários fatores, como localização da fratura (intra-articular ou extra-articular), geometria da fratura (transversal, espiral, oblíqua, cominutiva), deformidade (angular, de rotação, de encurtamento), aberta ou fechada, lesões ósseas e de tecidos moles associadas, e estabilidade da fratura. Outras considerações são idade, profissão e condição socioeconômica do paciente, presença de doenças sistêmicas, perícia do cirurgião e capacidade de cooperação do paciente na implementação do tratamento. Independentemente do modo de tratamento preferido, a meta é a restauração rápida e total da função. A colocação de pinos percutâneos com fio K transversal pode ser realizada facilmente com orientação fluoroscópica com anestesia regional e não requer imobilização pós-operatória com gesso, mas com lesão potencial de ocorrência de lesão do RDDDM do RDNU. Os autores deste estudo tentam definir a colocação de pinos percutâneos transversais para evitar a lesão iatrogênica do nervo durante os tipos de tratamento de fratura do boxeador.

 

CONCLUSÕES

Os resultados deste estudo confirmam a grande proximidade do RDDDM do RDNU ao trajeto do pino com fio K, com potencial de lesão iatrogênica durante o tratamento de fratura subcapital do quinto metacarpo. Este estudo cadavérico salienta o risco de lesão iatrogênica do RDDDM do RDNU e é importante porque a perda de sensibilidade pode afetar a habilidade e a função da mão. Recomenda-se que o acesso padrão do pino deve ser na margem do músculo oponente do dedo mínimo, na linha mediana da face lateral do quinto metacarpo.

 

REFERÊNCIAS

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Autores:

Onur PolatI; Ayhan CömertII; Hakan AtalarIII; Halil İbrahim AçarII; Eray TüccarII

IDepartamento de Medicina de Emergência, Faculdade de Medicina da Universidade de Ancara
IIDepartamento de Anatomia, Faculdade de Medicina da Universidade de Ancara
IIIDepartamento de Cirurgia Ortopédica, Faculdade de Medicina da Universidade de Fatih

 Correspondência:
Ayhan Comert.Ankara University Faculty of Medicine
Department of Anatomy.06100 Sihhiye - Ankara. TURKEY
E-mail: comertayhan@yahoo.com

Trabalho realizado na Faculdade de Medicina da Universidade de Fatih. Faculdade de Medicina da Universidade de Ancara.
Todos os autores declaram não haver nenhum potencial conflito de interesses referente a este artigo.


Complicações de uma fratura de punho

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O tratamento inadequado das fraturas do punho pode além de causar umadeformidade estética, levar a inúmeras complicações. Entre elas o que mais se observa é a diminuição da mobilidade do punho e dedos, diminuição da força e dor.

A deformidade no punho é observada com mais gravidade em pacientes com osteoporose. O osso fraturado literalmente amassa e  perde o seu comprimento por falta de cálcio em sua estrutura. O rádio encurta em relação ao outro osso do antebraço (ulna). Além da deformidade, esse encurtamento prejudica a movimentação, principalmente no giro (pronosupinação).

O deslocamento de fragmentos ósseos no interior da articulação, principalmente acima de dois ou três milímetros, causa diminuição da mobilidade e um desgaste da cartilagem que recobre o osso, levando a dor.

Outra alteração observada com o tratamento inadequado de fratura do punho é a Síndrome do Túnel do Carpo. Isso ocorre quando a consolidação óssea ocorre de maneira alterada, causando a compressão do nervo mediano no seu canal no punho. Isso provoca dor e dormências nos dedos, geralmente à noite.

Fios de Kirschner e a fratura de mão

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Os fios de Kirschner são fios rígidos e finos, usados em ortopedia para estabilizar ossos fragmentados. Estes fios podem ser introduzidos dentro da estrutura óssea, para segurar os ossos no seu devido lugar, assim como através da pele (via percutânea), evitando assim uma cirurgia invasiva. Podem também ser usados para segurar os ossos no seu devido lugar, depois da ciru

Nas fraturas da extremidade distal do rádio que apresentam deslocamento e instabilidade, a menos que o manejo adequado seja realizado, ocorrerá uma perda da redução obtida inicialmente. A fixação percutânea e imobilização gessada são consideradas um método simples e bem difundido entre os cirurgiões traumatologistas.

Atualmente, diversos tipos de dispositivos para osteossíntese estão disponíveis no mercado para auxiliar o cirurgião no manejo dos diferentes tipos de fratura encontradas. Porém, os fios de Kirschner (FK) têm seu espaço no tratamento das fraturas da extremidade distal do rádio e constituem-se ainda em um dos métodos mais comuns de fixação das fraturas combinado com a imobilização gessada.

As principais desvantagens da fixação das fraturas do punho com fios de Kirschner são: necessidade de imobilização pós-operatória, necessidade de retirada dos fios, após consolidação da fratura, possibilidade de deslocamento da fratura após a fixação percutânea, além da possibilidade de rupturas dos tendões extensores.

A fixação das fraturas instáveis do punho com FK percutâneos foi popularizada, nas últimas décadas, na tentativa de melhorar o resultado do tratamento conservador de redução e imobilização gessada.

Estão descritos inúmeros métodos para fixar as fraturas utilizando FK percutâneos. Em todos eles, os fios de Kirschner são utilizados para manter a redução entre os fragmentos (fixação interfocal), ou para dar suporte, sustentando os fragmentos distais e prevenindo, assim, o deslocamento e o encurtamento dessas peças ósseas (fixação intrafocal).

Fraturas de mão em crianças

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O pico de incidência é observado na adolescência devido à prática esportiva, e até os 3 anos, em consequência de lesões por esmagamento.

Ocorre inchaço, equimose, deformações e lesões abertas. A mão ilesa apresenta uma cascata normal de dedos semifletidos (semiflexionados); uma alteração nessa postura pode indicar lesão.

O tratamento depende fundamentalmente do local da fratura, fisária ou não, e da quantidade do desvio: fraturas com deslocamento mínimo sem desvio rotacional podem ser tratadas com imobilização por 3 a 4 semanas.

Para fraturas das falanges e metacarpais, recomenda-se a imobilização do dedo fraturado com pelo menos um dos dedos adjacentes. Aparelho bráquio-palmar é aceito contanto que haja cooperação. A grande maioria das fraturas de mão em crianças consolida-se sem complicações.

Fraturas do rádio distal

São 3 vezes mais comuns nos meninos. Mais frequentes durante estirão da adolescência. O mecanismo geralmente é a queda. Causam dor na porção distal do antebraço e limitação do movimento do punho e da mão. A deformidade depende do grau de desvio da fratura que pode ser avaliada pela radiografia em ântero-posterior e lateral.As fraturas em crianças e adolescentes evoluem de maneira diferente das que ocorrem em adultos. Dentre os diversos fatores que interferem, alguns já foram bem estudados, como, por exemplo, as características anatômicas do osso nessa faixa etária, seu potencial de crescimento, a correção espontânea de algumas deformidades, a resposta das partes moles às lesões e os princípios básicos que norteiam o tratamento delas.

As características culturais, sociais, profissionais, regionais e do local de atendimento, dentre outras, definem a epidemiologia das fraturas expostas (FE) e ainda merece análise aprofundada para se ter conhecimento completo sobre as fraturas.

Os serviços de referência têm maior possibilidade de atender casos mais complicados do que os hospitais gerais e centros médicos periféricos.

As fraturas das crianças e adolescentes predominam no sexo masculino após os 10 anos de idade.

Os ossos das crianças têm características próprias e que implicam em diferentes manuseios, tais como:

Placa de crescimento:é a área mais resistente que o resto do osso, o crescimento facilita a remodelação pós-fratura. Por outro lado, lesões da placa podem levar a deformidades pelo crescimento assimétrico, caso ela seja lesada;

Presença de maior espessura da cartilagem articular: não vista no raio X, torna-se mais difícil a interpretação da fratura e a avaliação do tamanho do fragmento fraturado;

Periósteo grosso: quando intacto, o desvio das fraturas é menor, consolidação rápida, calo fraturário exuberante;

Relação osso - colágeno maior: aumenta a elasticidade do osso, possibilidade de deformidade plástica dos ossos longos;

Os ligamentos são relativamente mais fortes que o osso, entorses são raros e as avulsões são mais comuns.

Fraturas mais comuns


Fraturas da mão

O tratamento depende do desvio e da idade da criança. Fraturas próximas da linha de crescimento e em baixa idade aceitam desvios maiores pela remodelação proveniente do crescimento. Em um primeiro momento o paciente deve ser imobilizado com tala gessada bráquio-palmar até ser definida a necessidade de redução incruenta ou cruenta (com ou sem sangue), com ou sem a fixação com fios de aço.

Fraturas do antebraço

Causadas por forças indiretas, como queda sobre o braço estendido. Dor, edema, crepitação e deformidade indicam o diagnóstico. Radiografias nas incidências antero-posterior e lateral, sempre incluindo as articulações distal e proximal – punho e cotovelo, para não deixar de reconhecer outras lesões associadas.

O tratamento pode ser desde a simples confecção do gesso bráquio-palmar até redução incruenta ou redução aberta e fixação interna. Na urgência deve ser imobilizado com tala gessada bráquio-palmar.

Fraturas supracondilianas do úmero

Representam 70% das fraturas do cotovelo nas crianças, a idade mais comum é de 6 anos, em consequência de queda com mão espalmada e o cotovelo totalmente estendido em 90% dos casos, com desvio póstero-medial. Quadro clínico de dor, edema e impotência funcional. Imperiosa a avaliação neurológica inicial do membro acometido, sensitiva e motora dos três nervos : radial, mediano e ulnar.

Fratura do fêmur

Criança com antecedente de queda ou trauma, dor, impossibilidade de deambular (andar). Inicialmente, deve-se verificar as condições gerais, importante a pesquisa de espancamento, especialmente nas crianças pequenas.

A grande maioria das fraturas do fêmur são tratadas incruentamente, redução e gesso pelvi-podálico. Nas crianças maiores, acima dos 6 e 7 anos até a adolescência pode ter indicação de redução e fixação com hastes intramedulares.

Função e cuidados com a imobilização

Depois de um trauma ou uma torção podemos ter que utilizar a imobilização. Em especial nos casos em que o trauma resulta em uma fratura. É muito importante contar com a sua colaboração na manutenção da imobilização até o final do tratamento.

O GESSO serve para manter a posição do local afetado em repouso ou na posição de redução. Ele imobiliza uma articulação acima e outra abaixo da área a ser tratada.

Cuidados necessários:

Nas primeiras horas: observar a perfusão periférica e a mobilidade dos dedos, especialmente após reduções de fraturas. Elevar a extremidade imobilizada acima do nível do coração ajuda a melhorar o edema e alivia a dor. Caso não haja melhora da dor ou alterações da sensibilidade, pode ser necessário fender o gesso.

Orientar a família e a criança como proteger o gesso, não quebrá-lo ou deixá-lo molhado. Quando úmido ou molhado perde a capacidade de manter a extremidade na posição adequada e, portanto pode necessitar ser trocado.

Também orientar a criança a não coçar a pele dentro de gesso com objetos pontiagudos, pois podem machucar a pele; e não deixar que coloquem objetos pequenos dentro do gesso por brincadeira.

Por Dra. Patrícia Moraes de Barros Fucs

Movimentos da mão

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Os movimentos da mão se dividem em: movimento de preensão, movimento de garra e movimento de pinça. O movimento de preensão é caracterizado como a categoria de movimentos da mão nos quais a mão segura um objeto, que classificam-se como aperto de potência ou aperto de precisão. No aperto de potência, os músculos interósseos e tenares são usados, mas os lumbricais (menos o quarto) não são ativos, e todos os músculos extrínsecos contribuem para a força. A força de aperto é contribuída pelos quatro dedos mediais, conseqüentemente pelo dedo médio (maior contribuição), anular, indicador e mínimo. Os músculos extrínsecos específicos são responsáveis pelo movimento grosseiro e força compressiva necessários no aperto de precisão. O controle fino de preensão é realizado pelos músculos intrínsecos.

Os lumbricais abduzem e/ou aduzem e giram a falange proximal, e os interósseos são importantes para abduzir e/ou aduzir as articulações metacarpofalângicas, fazendo com que, por exemplo, um objeto seja girado na mão. As forças de adução à palma são fornecidas pelo flexor curto do polegar, oponente do polegar e abdutor do polegar, e os interósseos propiciam alterações delicadas na compressão (RASCH, 1991). 

Movimento de garra: dependendo das atividades, podem ser usadas as garras de potência, padrões de precisão e garras combinadas. As garras de potência atuam primariamente com funções isométricas, como no agarrar de um objeto com dedos semi-fletidos contra a palma da mão, e com o polegar aduzido fazendo contrapressão. Os dedos são fletidos, rodados lateralmente e desviados ulnarmente, e o polegar reforça os dedos, ajudando também no controle da direção da força fazendo pequenos ajustes. Os flexores extrínsecos são responsáveis pela maior força de garra, e previne a subluxação das articulações dos dedos. As forças compressivas realizadas no agarrar de um objeto, são provenientes dos músculos tenares e do adutor do polegar. Os interósseos fletem a articulação metacarpofalangeana e rodam a 1ª falange, para que haja a compressão de um objeto externo. Os padrões de precisão envolvem a manipulação de um objeto pelo polegar abduzido e os dedos em oposição, funcionando de forma isotônica primariamente, não estando o objeto em contato com a palma da mão. As garras combinadas são caracterizadas pela execução de atividades de precisão com os dedos 1 e 2, enquanto os dedos 3 e 5 trabalham com potência (KISNER E COLBY, 1992)

Movimento de pinça: é realizado pelo músculo adutor do polegar, pelos interósseos e flexores intrínsecos (músculos da eminência tenar) e também pelos lumbricais, que propiciam a compressão entre o polegar e dedos (KISNER E COLBY, 1992).




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Dani Souto

 

Contusões e fraturas em mãos de crianças/adolescentes

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O pico de incidência é observado na adolescência devido à prática esportiva, e até os 3 anos, em consequência de lesões por esmagamento.

Ocorre inchaço, equimose, deformações e lesões abertas. A mão ilesa apresenta uma cascata normal de dedos semifletidos (semiflexionados); uma alteração nessa postura pode indicar lesão.

O tratamento depende fundamentalmente do local da fratura, fisária ou não, e da quantidade do desvio: fraturas com deslocamento mínimo sem desvio rotacional podem ser tratadas com imobilização por 3 a 4 semanas.

Para fraturas das falanges e metacarpais, recomenda-se a imobilização do dedo fraturado com pelo menos um dos dedos adjacentes. Aparelho bráquio-palmar é aceito contanto que haja cooperação. A grande maioria das fraturas de mão em crianças consolida-se sem complicações.

Fraturas do rádio distal

São 3 vezes mais comuns nos meninos. Mais frequentes durante estirão da adolescência. O mecanismo geralmente é a queda. Causam dor na porção distal do antebraço e limitação do movimento do punho e da mão. A deformidade depende do grau de desvio da fratura que pode ser avaliada pela radiografia em ântero-posterior e lateral.As fraturas em crianças e adolescentes evoluem de maneira diferente das que ocorrem em adultos. Dentre os diversos fatores que interferem, alguns já foram bem estudados, como, por exemplo, as características anatômicas do osso nessa faixa etária, seu potencial de crescimento, a correção espontânea de algumas deformidades, a resposta das partes moles às lesões e os princípios básicos que norteiam o tratamento delas.

As características culturais, sociais, profissionais, regionais e do local de atendimento, dentre outras, definem a epidemiologia das fraturas expostas (FE) e ainda merece análise aprofundada para se ter conhecimento completo sobre as fraturas.

Os serviços de referência têm maior possibilidade de atender casos mais complicados do que os hospitais gerais e centros médicos periféricos.

As fraturas das crianças e adolescentes predominam no sexo masculino após os 10 anos de idade.

Os ossos das crianças têm características próprias e que implicam em diferentes manuseios, tais como:

Placa de crescimento:é a área mais resistente que o resto do osso, o crescimento facilita a remodelação pós-fratura. Por outro lado, lesões da placa podem levar a deformidades pelo crescimento assimétrico, caso ela seja lesada;

Presença de maior espessura da cartilagem articular: não vista no raio X, torna-se mais difícil a interpretação da fratura e a avaliação do tamanho do fragmento fraturado;

Periósteo grosso: quando intacto, o desvio das fraturas é menor, consolidação rápida, calo fraturário exuberante;

Relação osso - colágeno maior: aumenta a elasticidade do osso, possibilidade de deformidade plástica dos ossos longos;

Os ligamentos são relativamente mais fortes que o osso, entorses são raros e as avulsões são mais comuns.





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Dani Souto

 

Fraturas na Mão e Punho: Quando operar?

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A mão e o punho são responsáveis por um complexo sistema de movimentos e funções, primordiais para as atividades diárias. Assim, quando uma lesão acomete alguma destas estruturas, a preocupação é se conseguiremos restaurar a função normal da mão.

A resposta a esta questão passa por um exame clínico cuidadoso, associado a exames radiológicos adequados. É importante determinar qual (ou quais) ossos foram acometidos, se a fratura é articular ou não e se ela apresenta um traço simples ou é cominutiva (vários fragmentos). A partir desta avaliação, determinamos a melhor estratégia de tratamento para atingir o objetivo desejado.

A grande maioria das fraturas ainda têm como primeira opção o tratamento conservador, ou seja, é feita a manobra de redução para alinhar a fratura, quando houver desvio, e aplicada uma imobilização gessada, que é mantida por 4 a 8 semanas, dependendo do osso fraturado. Em geral, o tratamento conservador traz bons resultados, tendo como inconvenientes apenas o tempo prolongado de imobilização e, consequentemente, longos períodos de afastamento das atividades.

Já o tratamento cirúrgico, apesar de mais agressivo, proporciona um reestabelecimento mais preciso da anatomia e uma reabilitação mais precoce uma vez que, normalmente, não requer imobilização. A queixa mais relatada pelos pacientes que realizam a cirurgia é a dor e o inchaço nos primeiros dias do pós-operatório.

A decisão sobre qual o melhor método para tratar uma determinada fratura sempre passará pela avaliação do especialista, quando o paciente deverá aproveitar para tirar todas as suas dúvidas.





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Dani Souto

 
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