Toda vez um que osso ( qualquer osso) sofre uma fratura, ele pode consolidar (colar) ou não.
Toda vez um que osso ( qualquer osso) sofre uma fratura, ele pode consolidar (colar) ou não. Algumas vezes, por vários motivos, um osso pode "quebrar e não colar", e isso vale ( e de fato pode acontecer ) em todos os ossos do corpo. Quando isso acontece, desenvolve-se uma situação que é chamada de "pseudoartrose" ( do grego pseudo – falso, e artrose – articulação), ou seja, forma-se uma "falsa junta" na região.
A pseudoartrose do escafóide, assim, é a situação em que o osso "quebrou, mas não colou".
E ISSO É COMUM?
Infelizmente, sim. A pseudoartrose do escafóide é um problema muitas vezes de difícil resolução, e esta resolução é sempre cirúrgica. Existem vários motivos que explicam o alto índice de pseudoartrose do escafóide :
- em primeiro lugar, muitas vezes o diagnóstico da fratura não é feito. Como dito no texto sobre fratura do escafóide, muitas vezes o paciente tem dor mas não tem alterações ao Raio-X, no momento do trauma inicial. Assim, ele fica imobilizado por poucos dias, e depois pára o tratamento, achando que teve apenas uma "pancada" no punho. Um outra possibilidade é que o médico não oriente bem o paciente, e nesse sentido o paciente não volta para retorno. Evidentemente, a dor vai se mantendo, nos primeiras semanas, mas depois vai melhorando, e some, e então o paciente acha que o problema foi resolvido.
- em segundo lugar, o tratamento, como também dito no texto sobre fratura do escafóide, é longo, e o gesso deve ser muito bem feito. Assim, muito pacientes simplesmente não seguem o tratamento até o fim, e a fratura não tem, então, "tempo suficiente para colar, estando na posição certa".
E ESTA PSEUDOARTROSE DÓI?
Nem sempre o punho dói, assim que uma pseudoartrose de escafóide se estabelece. Todavia, a longo prazo espera-se dor e perda de força na mão. Mais importante ainda é dizer que, uma vez que exista uma pseudoartrose de escafóide, mesma que sem dor, o punho vai invariavelmente evoluir para artrose. Isso quer dizer que a junta vai desenvolver um fenômeno de desgaste ( como no joelho de pacientes mais idosos, por exemplo), que além de ser extremamente doloroso, e de dificílima resolução.
E O QUE FAZER SE JÁ EXISTE O QUADRO ?
Uma vez estabelecida a pseudoartrose do escafóide, é interessante que o paciente seja rapidamente submetido a cirurgia, mesmo que tenha pouca dor !!!!!!
O tipo de técnica a ser usada depende de vários fatores : idade do paciente, tempo decorrido entre o trauma inicial e momento atual, grau de artrose do punho, etc. Todavia, todas as técnicas cirúrgicas tem a mesma intenção : promover a consolidação do osso e devolver ao paciente uma mão que não dói, com o melhor grau de movimentação possível.
Entretanto, como se diz , "cada caso é um caso", e nesse sentido cada paciente deve ter seu caso individualizado, para que possamos estabelecer o melhor tratamento possível.
Dr. Sérgio Rowinski é membro da equipe Taktos.
Médico ortopedista especialista em cirurgia do ombro e cotovelo.